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Para ver sem lentes: ex-aluna do Colégio Interativo fala sobre suas pesquisas com microscópios holográficos

Doutoranda em Física na USP, Camila visita a escola em que estudou no ensino médio e ajuda estudantes a enxergarem novas possibilidades

 

“Ver nas pequenas coisas a mensagem completa”. Parece título de livro motivacional, mas na verdade é uma boa descrição do trabalho que vem sendo realizado por Camila de Paula D’Almeida em seu doutorado. Isso porque a física formada pela USP de São Carlos¹ pesquisa o uso de microscópios holográficos sem lentes² no Centro de Óptica e Fotônica (CEPOF), um dos 101 Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT)³ existentes no Brasil. Primeira convidada da disciplina “Divulgação Científica, Cultural e Profissional”, sua palestra aos estudantes da terceira série do Ensino Médio jogou luz em sua trajetória enquanto aluna e pesquisadora.

O uso de lentes em microscópios (do grego Mikros, que significa pequeno e Skopien, ver) já era conhecido por outros físicos, como Robert Hooke, desde o século XVII. De acordo com o físico brasileiro e historiador da ciência Roberto de Andrade Martins4, o cientista inglês em seu famoso livro Micrographia5 já utilizava instrumentos deste tipo, assim como seu contemporâneo holandês Antony van Leeuwenhoek.

Já a holografia6 (do grego Holo, todo ou completo e Graphos, sinal ou escrita) foi nomeada assim a partir de uma teoria proposta pelo húngaro Dennis Gabor em 19487. Ela consiste em um padrão de interferência luminosa que reconstrói o objeto de forma mais completa em comparação a outras técnicas ópticas, como a fotografia comum.

  

Mais que uma fotografia

Durante sua apresentação, Camila explica com o uso de imagens, as principais diferenças entre uma foto e o trabalho com holografia que ela realiza. Curiosamente, é através de fotografias que ela narra seu percurso, desde que era estudante do ensino médio no Colégio Interativo, passando pela escolha do curso em 2011 e a aprovação no vestibular da Fuvest8 no curso de Bacharelado em Física9.

(Foto da turma de Camila, tirada em 2011)
(Foto tirada logo após a palestra, em 2022)

           

A jovem física enaltece a importância das bolsas de fomento à pesquisa como as da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a FAPESP10. Sua iniciação científica na área de Óptica e Fotônica11, seu mestrado12 e agora seu doutorado13 precisaram de apoios desse tipo. Uma de suas publicações mais recentes foi na XI Semana Integrada do Instituto de Física de São Carlos (SIFSC 11)13, em que explica o uso do aparato experimental para o monitoramento de culturas celulares. As imagens gravadas pelo microscópio, segundo Camila, são capazes de trazer informações mais detalhadas das amostras analisadas.

(Aparato experimental utilizado por Camila no CEPOF)

Visualizando com maior profundidade

Ao final da palestra, houve abertura para perguntas. Alunas indagaram sobre o trabalho, pesquisa e as principais aplicações. Além disso, se interessaram pela carreira que Camila também decidiu seguir há pouco mais de dez anos, em um momento parecido de escolha como o que a turma vivencia hoje.

(Camila preenchendo o mural da disciplina Divulgação Científica, Cultural e Profissional)

“Sou muito grata pelo tempo que estudei no Colégio Interativo e tenho um carinho muito grande pela equipe do Interativo. Acho que esses eventos contribuem para ampliar a visão de alunos e alunas que estão no ensino médio”, finaliza a doutoranda do IFSC.

 

Texto: Renan Augusto Trindade

Revisão: Pedro Guilherme Orzari Bombonato

 Fotos: Talita Barboza e arquivo pessoal de Camila de Paula D’Almeida